Fim do mundo
Fui sempre um pouco moscovita nas minhas idéias.
(Bento Santiago, personagem de Dom Casmurro, de M. de Assis, capítulo XC)
O fim do mundo decididamente é já próximo. No aniversário de Sua Santidade João Paulo II (nome pontifício do clérigo polonês Karol Wojtila) o Coro do Exército Vermelho foi cantar na sala de audiências do Vaticano. Por que eles não cantaram Nós somos a cavalaria vermelha e deitaram tudo aquilo ao chão? O tempo é de fezes; de canções revolucionárias e kosmol (Dani, veja lá o plural de kosmol para mim, por favor) a Happy Birthday. E eu que ainda esperava que a União Soviética (ai, que saudades) desse fim a toda essa corja de preto. Pior é a versão que circula na Internet do Exército Vermelho cantando Oh, Canada.
A imagem daqueles soldados com os quepes imensos, faixa vermelha e estrelona amarela cantando no Vaticano; realmente a que ponto chegamos. Oremos. Mas não à Vaticana, mas como nos ensinou o mestre Gil Vicente:
Pater noster criador,
Qui es in coelis, poderoso.
Santificetur, Senhor.
nomen tuum vencedor,
nos céu e terra piedoso.
Adveniat a tua graça,
regnuum tuum sem mais guerra;
voluntas tua se faça
sicut in coelo et in terra.
Panem nostrum, que comemos,
cotidianum teu é;
escusá-lo não podemos;
inda que o não mereceremos
tu dá nobis. Senhor, debita nossos errores,
sicut et nos, por teu amor,
dimittimus qualquer error,
aos nossos devedores.
Et ne nos, Deus, te pedimos
inducas, por nenhum modo,
in tentationem caímos
porque fracos nos sentimos
formados de triste lodo.
Sed libera nossa fraqueza,
nos a malo nesta vida;
Amén, por tua grandeza,
e nos livre tua alteza
da tristeza sem medida.
(Gl Vicente, de Quem tem farelos? - O velho da horta, fala do Velho)
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