239. Olor eqüino
Sou obrigado a dobrar-me em reverência a comentário tão rico e espirituoso; realmente, uma estrebaria cheira melhor do que um vagão de metrô lotado. Não exatamente o «cheiro físico» (noves-fora esse), mas o «cheiro social», por assim dizer. O povo – palavra essa que no português variante brasileira é obrigatoriamente pejorativa – cheira mal, não porque não faça uso de fortíssimos perfumes da Avon ou loções pós-barba que cheiram a panetone mofado, isso são vícios do mau-gosto e da falta de bom-senso, e esses últimos dois quesitos, sim, são a nossa podridão, fora a nossa já habitual falta de educação e a tendência assustadora para assuntos prosaicos e fúteis.
O mau cheiro vem dos péssimos hábitos culturais (?) do povo, que se volta servilmente a uma postura de pôr o trabalho, a «carreira» acima de tudo. Girando em volta do dinheiro, sempre. O povo comporta-se realmente como grei: pasta, rumina e evidentemente deixa aqueles imensos discos de excremento por onde passa.
Os hábitos culturais – aqui friso hábitos culturais como mera categoria abstrata – resume-se a churrascão de carne vagabunda, regado a cerveja e acompanhamento musical altíssono. Aïnda se faz questão que mostrar à vizinhança a qualidade dos gostos musicais, manifestações populares autênticas de nossa cultura, portanto, desprezíveis.
O povo é pobre. A pobreza financeira é um dos aspectos menos relevantes; o que me incomoda é a pobreza moral e social, ou seja, temos um povo composto por espíritos-de-porco em sua grande maioria. Falava-se, à época do Império Romano, do Genius Populi Romani, ou seja, o gênio da raça, o Volksgeist; nós ficamos no máximo com a Estupidez Coletiva.
Apesar da farda e dos galões, General Figueiredo tinha razão, e eu também prefiro os cavalos. E cada povo tem o Presidente que merece.
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