terça-feira, dezembro 13

232. Traduções indigestas do merídio

Natal

Sinto o frio da noite
e escuto o sombrio som da cuíca (1),
e ao grupo de rapazes que passa agora cantando.
Escuto o carro do aipo (2)
rodar sobre o calçamento,
e os que avançam, todos em direção ao mercado.

E minha família, na cozinha,
Junto do braseiro aceso,
sob a luz do gás, deram cabo do galo.
Contemplo agora a lua, creio que seja lua cheia;
eles arrancam as penas,
e pensam já em amanhã.

Amanhã, à mesa, esqueceremos dos pobres
-tão pobres como somos-.
Jesus já terá nascido.
Nos olhará um momento, à hora da sobremesa
e depois de olhar-nos, romperá a chorar.

Joan Salvat-Papasseit (1894-1924)

Nadal

Sento el fred de la nit
i la simbomba fosca.
Així el grup d'homes joves que ara passa cantant.
Sento el carro dels apis
que l'empedrat recolza
i els altres que l'avencen, tots d'adreça al mercat.

Els de casa, a la cuina,
Prop del braser que crema,
amb el gas tot encès han ellestit el gall.
Ara esguardo la lluna, que m'apar lluna plena;
i ells recullen les plomes,
i ja enyoren demà.

Demà posats a taula oblidarem els pobres
-i tan pobres com som-.
Jesús ja serà nat.
Ens mirarà un moment a l'hora de les postres
i després de mirar-nos arrencarà a plorar.

(1) simbomba não é exatamente uma cuíca, mas a descrição se aproxima muito, segundo a definição do Dicionário do Instituto de Estudos Catalães: instrument músic que consisteix en una pell tibant adaptada a la boca d'un vas, amb una canya fixada al centre, que, en ésser fregada amunt i avall amb la mà humida, produeix un so fort i monòton.

(2) alusão à carroça de verduras, o verdureiro.

P. S.: o texto tem uns espaços e uns recuos de parágrafos que infelizmente não foram passíveis de serem reproduzidos neste formato electrônico.

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