quarta-feira, outubro 19

202. Uma ressalva bem-vinda desde Valência

Apresento a todos os meus leitores, um defensor das línguas espanholas, valenciano, do qual recebi um comentário na postagem 198, sobre algumas ressalvas aos pontos de vista errôneos aos quais poderia conduzir o velho cabeçalho que apresentava as bandeiras de cinco Comunidades Autônomas espanholas, representantes, cada uma as cinco línguas oficiais dentro do Estado Espanhol (segundo o sítio da Constituição Espanhola). A representação de línguas por bandeiras de estados é complicada realmente, salvo que seja uma língua falada por um único païs, como por exemplo, a Grécia, ou Malta; certamente o grego e o maltês podem ser tranqüilamente representados pela bandeira da unidade territorial que usa da respectiva língua e carrega o seu gentílico. Já antecipo que a escolha pelas bandeiras foi somente um quesito prático, pois se fosse o caso de ser fiel, eu teria de ter posto as bandeiras de todas as vinte-e-uma (corrijam-me se erro) Comunidades Autônomas espanholas.
Mas se trata de uma ressalva feita de modo coerente e portanto acatada, gostaria que o nosso caro Técnico Lingüístico não me levasse a mal pela escorregadela, embora, como já lhe ressalvei, eu tenha consciência sim da diversidade lingüística espanhola.

Transcrevo os textos do comentário (original e traduzido) e a resposta, inserida nos comentários, passada por correio eletrônico ao Técnico e agora aqui postada.

«En primer lloc, enhorabona per un web tan entretingut, ben dissenyat i interessant, que per això vos vaig enllaçar. I vos demane disculpes per escriure en català (modalitat valenciana), ja que el meu portugués només m'arriba a la lectura. Després, la meua aportació voldria precisar que les cinc llengües oficials de l'estat espanyol no es corresponen amb les que assenyaleu, sinó que hi ha les quatre plenament oficials (gallec-portugués, castellà-espanyol, basc i català-valencià) i la cinquena, en modalitat només de protecció, és el bable-asturià. Les denominacions estatutàries poden ser diverses, però la realitat lingüística no es troba compromesa per la retòrica política. Al contrari, els noms no fan la cosa. De fet, cal tindre en compte que les llengües no es reclouen en les divisions políticoadmnistratives, ja que el català és parlat a l'estat espanyol a Catalunya, País Valencià, Illes Balears, Múrcia i Aragó. Per això, la qüestió de les banderes tampoc no és correcta, atés que la valenciana i la catalana representen la mateixa llengua, la basca oblida la de Navarra (on hi ha zona basca), i la de Castella-La Manxa oblida les de Castella-Lleó, Aragó, Andalusia, Canàries, etc. Convindria no representar les llengües amb banderetes, perquè els drapets són símbols polítics destinats a uns altres usos.»

Tradução do catalão para o português (que seria de mim se não fosse o excelente dicionário normativo do IEC?)

Em primeiro lugar, felicitações por um sítio tão criativo e divertido, bem desenhado e interessante, motivo pelo qual o enlacei [ao meu]. E lhe peço desculpas por escrever em catalão (modalidade valenciana), já que o meu português apenas me chega à leitura.
Depois, o no meu aporte, gostaria de precisar que as cinco línguas oficiais do Estado Espanhol não correspondem com as que você assinalou, visto que há as quatro plenamente oficiais (galego-português, castelhano-espanhol, basco e catalão-valenciano) e a quinta, em modalidade apenas de proteção, é o bable-asturiano.
As denominações estatutárias podem ser diferentes, porém a realidade lingüística não se acha comprometida pela retórica política. Ao contrário, os nomes não fazem a coisa. De fato, é necessário ter em conta que as línguas não estão reclusas às divisões político-administrativas, já que o catalão é falado no Estado Espanhol na Catalunha, Païs Valenciano [Valência], Ilhas Baleares, Múrcia e Aragão.
Por isto, a questão das bandeiras não é correta, veja que a valenciana e a catalã representam a mesma língua, a basca faz esquecer a de Navarra (pertencente à zona bascófona), e a de Castela-La Mancha obnubila as de Castela-Leão, Aragão, Andaluzia, [ilhas] Canárias, etc. Conviria não representar as línguas com bandeirinhas, porque as flâmulas são símbolos políticos destinados a outros usos.

Minha resposta:

Já começo desculpando-me em não poder responder em catalão, pois como o seu português, consigo ler, mas não elaborar texto mais complexo; os meus estudos os comecei há pouco.
Vos sou grato pelos elogios e concordo plenamente convosco no que se refere à realidade lingüística espanhola: percebo que as diferenças do catalão propriamente dito e do valenciano são mínimas (no texto posto do artigo 174, vê-se que são umas formas verbais e principalmente nos possessivos «seva» por «seua» etc.), se não me falha a memória, o valenciano é o dito «catalão ocidental»; também não me esqueci da Comunidade Foral de Navarra, bascófona; a questão das bandeiras é - como você mesmo citou - é uma consideração somente de ordem prática, e sempre encontramos problemas; no português é idêntico: quando se trata de uma web em português, usamos a bandeira brasileira ou aquela portuguesa para representar o idioma? E os païses africanos de língua portuguesa? Então, as bandeiras são por mera convenção e tenho plena consciência do que você me refere.
A sugestão de retirar as bandeiras será aceita; aïnda mais com esse ponto de vista que você me apresenta. Vos devo dizer que sou defensor entre os meus compatriotas da heterogeneidade lingüística da Espanha, o que é difícil e quase incompreensível em um païs de 185 milhões de pessoas e uma única língua (prodígios da colonização) enquanto outros bem menores, como a Espanha, Itália e França tenham dezenas, dependendo do caso, no mesmo território.
Eu também enlaçarei o seu sítio ao meu, o qual achei realmente deveras interessante.

Agora aïnda, sob aprovação real: Eines de llengua (em catalão-valenciano).

Representação venarda junto à Onu: política lingüística espanhola, catalão ocidental, linguas ibéricas.

2 Comentários:

Blogger Miquel Boronat Cogollos disse...

Benvolgut príncep:

Moltes gràcies per atendre el meu missatge tan amablement i per la traducció impecable que n'heu fet.

Són exactament «ferramentas de língua» el meu Eines de Llengua. Espere que els vostres estudis vagen tan brillantment com intuïxc pel que vos he pogut llegir i que la vostra condició «galega» puga ser una ajuda algun dia per al país dels vostres ancestres, tan necessitat del capital que la pobresa d'altres temps --i encara ara-- va expulsar per tot el món, amb la trista conseqüència de la minorització del gallec, oficialment (i irracionalment) massa deslligat del portugués.

Vos felicite, doncs, per l'atenció que heu tingut, per la vostra capacitació lingüística i per la forma com expresseu les vostres idees, molt lúcidament i amb una gram empatia democràtica (que vos il·lumina més encara, atesa la vostra condició principesca).

Moltes gràcies des del País Valencià.

Muito obrigado.

quarta-feira, outubro 19, 2005 4:17:00 da tarde  
Blogger Sérgio disse...

Agradeço pela «tradução impecável», como se eu a merecera; mas de qualquer forma, obrigado. Também pelas outras menções elogiosas.
Quanto à separação artificial do português e do galego também acredito que ela é artificiosa e política; guerra de gramáticos politizados (eis que vem novamente a questão das bandeiras). Acredito, mesmo com as ressalvas de me encontrar num ambiente lingüístico pouco diferente daquele dos meus avós e tenho plena consciência disso.

Fico na espera, pois cá é canal aberto e você é sempre bem-vindo. Mais uma vez, agradeço-lhe pelas pontuais e precisas elucidações.

Saudações.

quinta-feira, outubro 20, 2005 5:53:00 da tarde  

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