segunda-feira, agosto 8

«— Um vermífugo, por favor!»

De vez em quando, alguém olhando por de-baixo do tapete, acha gravações de pérolas desta magnitude:

As praias do Brasil ensolaradas,
O chão onde o país se elevou,
A mão de Deus abençoou,
Mulher que nasce aqui tem muito mais amor.

O céu do meu Brasil tem mais estrelas.
O sol do meu país, mais esplendor.
A mão de Deus abençoou,
Em terras brasileiras vou plantar amor.

Eu te amo, meu Brasil, eu te amo!
Meu coração é verde, amarelo, branco, azul anil.
Eu te amo, meu Brasil, eu te amo!
Ninguém segura a juventude do Brasil.

As tardes do Brasil são mais douradas.
Mulatas brotam cheias de calor.
A mão de Deus abençoou,
Eu vou ficar aqui, porque existe amor.

No carnaval, os gringos querem vê-las,
No colossal desfile multicor.
A mão de Deus abençoou,
Em terras brasileiras vou plantar amor.

Adoro meu Brasil de madrugada,
Nas horas que estou com meu amor.
A mão de Deus abençoou,
A minha amada vai comigo aonde eu for.

As noites do Brasil têm mais beleza.
A hora chora de tristeza e dor,
Porque a natureza sopra
E ela vai-se embora, enquanto eu planto amor.

(Don e Ravel, uma dupla de questionável qualidade)

Para quem não lembra, essa música foi usada pelo Regime Militar como propaganda, junto com aqueles motes baratos e acontecimentos exaltados à náusea: Brasil, ame-o ou deixe-o, o Sesquicentenário da Independência, A taça do mundo é nossa, Noventa milhões de habitantes, prà frente, Brasil! / Salve a seleção!. Os nossos anos 1970, o nossos generais-de-pijama (leia-se bem: de pijama hoje, com aspecto venerando de velhinhos inofensivos).