sábado, julho 9

Considerações da semana

I.
Nesta semana que se finda hoje, pensei seriamente em parar de alimentar esse blogue, depois de quase um ano e sete meses (entre este actual e o anterior, o Mal-estar); além do mais, todo tipo de produção minha está atravancada (a pseudo-literaria então, nem se fala), mas uma amiga e colega de trabalho, salvou-me dessa decisão na tarde da última sexta-feira gélida, quando dum fático diálogo entre os funcionários e depois de eu ter dito que «o dinheiro dela, os duendes haviam levado»; ela rebateu e disse-nos (porque havia mais gente), que os duendes de escritório levam somente artigos de escritório (Segunda Praga burocrático-administrativa). Puxa, alguém conseguiu lembrar de um texto meu escrito há três meses! Realmente, a sexta salvou-se.

II.
Londres - Afinal, o que querem esse mulçumanos? Certamente, alguém clamará que os ataques são por causa da invasão do Afeganistão e do Iraque. Sim, é certo que há relação, mas quando dos ataques às Torres Gêmeas, do 11 de setembro de 2001, nem o Afeganistão e nem o Iraque estavam ocupados. Evidentemente que não venho defender os Estados-Unidos, país pelo qual nutro imenso desprezo como se não existisse, mas pela nossa qualidade de Ocidentais; a guerra é entre duas visões de mundo, onde esse mulçumanos radiais acreditam que duas civilizações (ou religiões) não possam estar sobre a mesma superfície. Embora nossa História não seja das mais limpas (Cruzadas, Inquisição, Pogroms, Holocausto), mas com o passar do tempo, aprendemos a usar as diferenças e a tolerar-nos (certo que em alguns lugares não), mas na maioria, o Ocidente se mostra coerente, com exceção ao Estados-Unidos e à Grã-Bretanha. Conseguimos fazer girar a roda do tempo; enquanto o Mundo Árabe, outrora civilização rica e florescente, é antro de ignorância.
É curioso como os papéis inverteram-se. Na Idade Média, nós éramos os fanáticos religiosos que caçavam bruxas e batiam em panelas quando dos eclipses, a cultura greco-latina sobrevivia em raras vivendas; os árabes, cultos e civilizados, cientificamente avançados. Eles se mantiveram e sua Civilização fechou-se em si, provocando esses fenômenos de exarcebação religiosa; enquanto o Ocidente foi se redescobrindo e tornando-se pouco-a-pouco o que conhecémos. Não é a maravilha moderna, ao contrário, é um tipo de Civilização alienante e cretina, mas onde é ainda permitido que as diferenças e divergências de visão convivam; ao contrário do mundo mulçumano, onde predomina o obscurantismo e a religião interfere na vida civil.
Os ataques a Londres serviu a mostrar a posição de sectores de Mundo Árabe; sim, eles almejam a nossa destruição como Civilização e nossos valores (um tanto quanto gastos e cretinos, mas nossos); não os defendo, nem os ataco; por isso sou partidário da retirada das potências Aliadas do Iraque e Afeganistão. A terra é deles, e se a guerra tiver de florescer entre eles, que floresça. Afinal, a nossa História Ocidental é contada quase que a partir das guerras.

III.
Ontem, eu e Messer Orlando fomos ver um filme dum director português, chamado Um Filme Falado, que apesar de o nome não dar idéia alguma, tem a ver com a questão Ocidente-Mundo Árabe; julgando, através, de uma chave de leitura, um ocaso absoluto do Ocidente - com Portugal na rabeira; segundo conclusão à qual chegou Messer Orlando.

5 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Pelo comentário acerca do filme, percebi que vocês gostaram (?). Poderia me dizer o porquê (risos)?

domingo, julho 10, 2005 11:08:00 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

tenho pra mim que os muçulmanos cretinos são a exceção e não a regra (os ocidentais cretinos, no entanto...).

vero que a religião é uma parte muito, muito importante na vida de todas as nações muçulmanas. mas, grosso modo, na grandessíssima maioria dos países islâmicos não existe lei escrita, oficial, de governo, que ordene a todo cidadão que faça suas orações cinco vezes ao dia, que impeça as mulheres de estudar e trabalhar e as obrigue a andar de burca pra cima e pra baixo. na verdade, de todos os países de maioria muçulmana que fazem/faziam isso, eu só consigo me recordar do afeganistão do fim do século passado.

eu já vi mais de uma vez no national geographic documentários com entrevistas a cientistas/historiadoras/arqueólogas fêmeas na turquia, egito, acho que até do irã. de véu, mas lindas, maquiadas, independentes, falantes. isso e outros pequenos fatos me fazem presumir que a situação social/ cultural desses países, ao menos desses que são menos pobres, não é assim tão "atrasada" ou ruim quanto a gente imagina, com essa imagem de xiitas - taleban - al qaeda - bando de fanáticos que a mídia insiste em passar.

segunda-feira, julho 11, 2005 9:13:00 da manhã  
Blogger Jeferson Ferreira disse...

vc quer o q? ficar famoso com um blogue? tenho 3 leitores e dou-me por satisfeito, pois eles me brindam com opiniões sinceras e calorosas. Com relação aos muçulmanos, é fácil tocar o puteiro na casa dos outros, agora, qdo o puteiro chega na tua casa vc é coitadinho... p mim tinha q ter morrido mais gente... Em se tratando do primeiro ataque (11 de setembro) nada mais é do q o sintoma claro de nossa civilização: na globalização sem nome, em q ninguém assume responsabilidade por nada, sofreram um ataque sem nome, pronto.
Uma pergunta: pq toda essa palhaçada não rolou no gov. clinton?
Ele tinha a mínima disposição ao diálogo. Não recusou o protocolo de Kyoto, como o fez Bush. Estamos falando aqui de culturas, culturas q se sentem massacradas, e de uma única cultura, da qual somos vítimas, q se vende autoritariamente como a correta; como eles podem falar em democracia num país q tem apenas dois partidos?
Em muito do q disse posso estar errado, mas não levo comigo o peso de comprar o peixe do lugar comum. Estamos falando de um povo q apoiou em mais de 90% ambos os ataques (Afeganistão e Iraque).

Inté e continue a escrever

segunda-feira, julho 11, 2005 9:28:00 da manhã  
Blogger Érico disse...

Todos os comentarios supra sobre o tal choque de civilizacoes estao certos, mas a razao de fundo (isso deve dar uma bela expressao alema) para tudo-isso-que-esta-ai eh a circuncisao. Sim, a presenca de prepucio, no caso dos ocidentais (nao-judeus, mas isso eh outra historia), eh motivo de ultraje para os fanaticos e desprepulciados muculmanos, que querem fazer as potencias anglo-saxonicas reconhecerem seu direito liturgico de desprepuciarem seus filhos sem a intromissao das tao ocidentais preocupacoes sobre a futura sensibilidade da glande.

segunda-feira, julho 11, 2005 10:17:00 da manhã  
Blogger Jeferson Ferreira disse...

qdo vejo a questão muçulmana, analiso sobretudo sob a ótica cultural; a ética de uma cultura, em parte inadequada ao savoir-vivre mercantilista dos dias correntes, versus a ética do comércio. Não quero fazer apologia do crime, ou do terror, mas não creio q exista um eles x nós; creio, sim, q existe um "nós", e, porém, nesse "nós", "eles" sentem, com maior pesar devido ao fervor cultural, a dor da falha profunda presente no projeto racional iluminista: o aumento do saber tecnológico não se converte em sabedoria. A meu ver, portanto, tentam vender essa dor, legítima e presente não apenas "neles", com o verniz do fundamentalismo (não raro visto de um ponto de vista unicamente religioso), o que faz com que esqueçamos que "nosso(s)" fundamentalismo(s) é (são) dominante(s); enqto não resolvermos essas questões, qualquer argumento constitui-se abismo, brisa que bate à margem do rio, enqto o redemoinho interno corre a não mais poder.

segunda-feira, julho 11, 2005 2:28:00 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home