entrada: Áustria
(Extraído da Encyclopaedia Venarda)
Você, leitor que veio a este verbete em procura de alguma informação da Áustria, talvez tenha perdido seu tempo. Não, não me ofenda, nem feche o livro antes que lhe demos as devidas explicações. Em primeiro lugar, a Áustria não existe. Exatamente, não existe: trata-se de um penduricalho de Alemanha perdido, que deveria ter sido unificado junto a ela em 1871, mas o impediram o compromisso de Sadowa (1866) e a vaidade do Imperador austro-húngaro. Sendo então ovelha desgarrada, a então gerada Áustria (como unidade política, não como unidade nacional, a qual nunca existiu), errou pela Europa, principalmente depois do esfacelamento do Império Austro-Húngaro ao fim da I Guerra Mundial, quando parte dos habitantes da Marca Oeste quiseram optar pela união com a Alemanha (o que poderia ter sido o Anschluß com quase 18 anos de antecedência); fato que foi impedido pelos signatários de Versailles. Notas disso é o hino composto e usado como hino nacional na Áustria de 1920 a 1929, que começa com:
Deutsch-Österrich, du herrliches Land / wir lieben dich! / […] (vv. 1-2)
Ou seja, Áustria-alemã, tu, maravilhosa terra / nós te amámos / […]; era o sentimento de germanidade implícito, o pan-germanismo tardio; esse Áustria-alemã, pelos manuais, é lido como a diferenciação da Áustria de fala alemã, em oposição aos velhos territórios perdidos, de falas eslavas (Eslovênia, Caríntia, Sérvia) ou latinas (Trentino-Alto Adige ou Tirol do Sul). E as próprias definições de Áustria presentes ainda no hino, nos dizem mais alguma coisa:
[…] / […die Wasser zum Donaustrom] Tränken im Hochland Hirten und Lämmer, / treiben am Absturz Mühlen und Hämmer, / […] (vv. 5-6)
Ou em bom-português: [as águas do Danúbio] brindando nas terras altas aos pastores e aos cordeiros, / movendo as rodas dos moinhos e os martelos, […], ou seja uma visão bucólica que pode ser em qualquer lugar. Os eufemismos estranhos pelos quais é tratada a Áustria, como:
[…] / Einig auf ewig, Ostalpenlande / […] (v. 16)
Aqui, o verso refere-se às Terras Alpinas Orientais, para grande espanto geral, e um pouco mais abaixo:
[…] / Du Bergländerbund, unser Ostalpenbund, / […] (v. 20)
Tu, União [ou Federação] de Estados Monteses, nossa União Alpina Oriental. São eufemismos que remetem inclusive à época do Império Carolíngio, quando as terras d'Áustria era a marca oriental, ou seja, marca no sentido de fronteira, como no mesmo Império Carolíngio existia a Marca de Barcelona; a marca orientalis, depois germanizada para Östmark (marca do Leste, ou oriental), e depois transformada na terra oriental (Österreich), nome atual da região.
Baseado nessas evidências, é possível afirmar que a Áustria, como nação é inviável, tanto do ponto de vista histórico, quando do político e do lingüístico.
Você, leitor que veio a este verbete em procura de alguma informação da Áustria, talvez tenha perdido seu tempo. Não, não me ofenda, nem feche o livro antes que lhe demos as devidas explicações. Em primeiro lugar, a Áustria não existe. Exatamente, não existe: trata-se de um penduricalho de Alemanha perdido, que deveria ter sido unificado junto a ela em 1871, mas o impediram o compromisso de Sadowa (1866) e a vaidade do Imperador austro-húngaro. Sendo então ovelha desgarrada, a então gerada Áustria (como unidade política, não como unidade nacional, a qual nunca existiu), errou pela Europa, principalmente depois do esfacelamento do Império Austro-Húngaro ao fim da I Guerra Mundial, quando parte dos habitantes da Marca Oeste quiseram optar pela união com a Alemanha (o que poderia ter sido o Anschluß com quase 18 anos de antecedência); fato que foi impedido pelos signatários de Versailles. Notas disso é o hino composto e usado como hino nacional na Áustria de 1920 a 1929, que começa com:
Deutsch-Österrich, du herrliches Land / wir lieben dich! / […] (vv. 1-2)
Ou seja, Áustria-alemã, tu, maravilhosa terra / nós te amámos / […]; era o sentimento de germanidade implícito, o pan-germanismo tardio; esse Áustria-alemã, pelos manuais, é lido como a diferenciação da Áustria de fala alemã, em oposição aos velhos territórios perdidos, de falas eslavas (Eslovênia, Caríntia, Sérvia) ou latinas (Trentino-Alto Adige ou Tirol do Sul). E as próprias definições de Áustria presentes ainda no hino, nos dizem mais alguma coisa:
[…] / […die Wasser zum Donaustrom] Tränken im Hochland Hirten und Lämmer, / treiben am Absturz Mühlen und Hämmer, / […] (vv. 5-6)
Ou em bom-português: [as águas do Danúbio] brindando nas terras altas aos pastores e aos cordeiros, / movendo as rodas dos moinhos e os martelos, […], ou seja uma visão bucólica que pode ser em qualquer lugar. Os eufemismos estranhos pelos quais é tratada a Áustria, como:
[…] / Einig auf ewig, Ostalpenlande / […] (v. 16)
Aqui, o verso refere-se às Terras Alpinas Orientais, para grande espanto geral, e um pouco mais abaixo:
[…] / Du Bergländerbund, unser Ostalpenbund, / […] (v. 20)
Tu, União [ou Federação] de Estados Monteses, nossa União Alpina Oriental. São eufemismos que remetem inclusive à época do Império Carolíngio, quando as terras d'Áustria era a marca oriental, ou seja, marca no sentido de fronteira, como no mesmo Império Carolíngio existia a Marca de Barcelona; a marca orientalis, depois germanizada para Östmark (marca do Leste, ou oriental), e depois transformada na terra oriental (Österreich), nome atual da região.
Baseado nessas evidências, é possível afirmar que a Áustria, como nação é inviável, tanto do ponto de vista histórico, quando do político e do lingüístico.
2 Comentários:
Assim, por exemplo, a família argentina Ocampo definia o Brasil como aquele matagal entre o Uruguai e a Güiana.
Austria pra mim eh Salzburgo e Viena, incluindo alguns poucos austriacos nativos (Mozart, Schubert) e adotivos (Brahms, Beethoven, Schoenberg). Sobre seu povo, basta dizer, como lembra nosso caro Marques, que a ultima vez em que um austriaco teve muito poder na mao deu merda. Lots of it.
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