Diários litorâneos (I)
Acompanhado de comitiva, o Sinistro-conato Príncipe desceu-se ao litoral sul, em giro por Itanhaém, Mongaguá e Peruíbe; andou por belas paragens, ò contrário do que se costuma afirmar quando se trata do litoral sul, tão desprezado injustamente.
Essa vilegiatura justamente assemelhou-se a um trekking rochoso, por de-sobre pedras e mais pedras. A certa altura, o Príncipe esgueirou-se para descer a uma pedra mais baixa, a qual a água, em intervalos regulares cobria-a levemente, avisou a Condessa della Verdemacchina para que registrasse o momento num daguerreótipo.
Pondo as solas da sandália na pedra, o Príncipe percebeu que a mesma estava coberta de cracas; deslizou a mão por de-sobre elas. Ereto novamente, fez uma pose heróica condigna da situação, quando de-improviso, uma onda maior do que as vistas até então, empurrou o S. A. R. o Príncipe pelas canelas, obrigando-o a uma desonrosa (mas não definitiva) posição genuflexa cas mãos apoiadas também na superfície da pedra. Fez uma vênia educadíssima ao mar, em venardo:
— Se’m fà un otre de chèste… or! Non pas de un vitre d’olives!
Nada demais, ida a água, levantou-se soberbo; mas nesse exacto momento, outra onda, ligeiramente maior (coisa duns 50 centímetros maior) fez com que o Príncipe caísse novamente, sendo arrastado (uns dois metros) pela pedra plana, mas recoberta de cracas. O Príncipe não se conteve e explodiu em alegria:
— Che bà! Stu mà des fills de püt! Maledit, excomunicat d’une foig!
Além do tombo, uma das sandálias do Príncipe foi levada pelas águas revoltas. Subiu novamente às pedras desolado, quando do alto, viu sua sandália indo para uma praia próxima. Imediatamente começou a descer e tombou na água com um baque surdo (afinal, é notória a desengonçadura de S. A. R.) e tentava de debater-se na direcção do chinelo; porém, a corrente inferior o levava para o mar e a superior empurrava a sandália para a praia.
— Excomunicat! T’em veng pe’ cà! Vitre d’olives! Vitre d’olives!
Depois de quase cinco minutos de furibunda luta com o mar, dezenas de imprecações com a sandália, raladuras de todas as qualidades, uma família amedrontada e atônita à beira-mar pela iracúndia real e a Condessa quase engasgada de tanto rir, finalmente o Príncipe reaviu sua sandália.
Saldo: um polegar ralado pelas cracas; igualmente ralado a lateral do calcanhar direito. Fora as mutilações nas mãos por abrir ostras e pelo mau manejo de um alicate, o que fica para próximos relatos.
E referendado pela Condessa, as cracas devem ser comunistas.
Nota: S. A. R. fez todas essas peripécias, gestas e feitos com seus óculos acavalados sobre o nariz, como de costume.
Essa vilegiatura justamente assemelhou-se a um trekking rochoso, por de-sobre pedras e mais pedras. A certa altura, o Príncipe esgueirou-se para descer a uma pedra mais baixa, a qual a água, em intervalos regulares cobria-a levemente, avisou a Condessa della Verdemacchina para que registrasse o momento num daguerreótipo.
Pondo as solas da sandália na pedra, o Príncipe percebeu que a mesma estava coberta de cracas; deslizou a mão por de-sobre elas. Ereto novamente, fez uma pose heróica condigna da situação, quando de-improviso, uma onda maior do que as vistas até então, empurrou o S. A. R. o Príncipe pelas canelas, obrigando-o a uma desonrosa (mas não definitiva) posição genuflexa cas mãos apoiadas também na superfície da pedra. Fez uma vênia educadíssima ao mar, em venardo:
— Se’m fà un otre de chèste… or! Non pas de un vitre d’olives!
Nada demais, ida a água, levantou-se soberbo; mas nesse exacto momento, outra onda, ligeiramente maior (coisa duns 50 centímetros maior) fez com que o Príncipe caísse novamente, sendo arrastado (uns dois metros) pela pedra plana, mas recoberta de cracas. O Príncipe não se conteve e explodiu em alegria:
— Che bà! Stu mà des fills de püt! Maledit, excomunicat d’une foig!
Além do tombo, uma das sandálias do Príncipe foi levada pelas águas revoltas. Subiu novamente às pedras desolado, quando do alto, viu sua sandália indo para uma praia próxima. Imediatamente começou a descer e tombou na água com um baque surdo (afinal, é notória a desengonçadura de S. A. R.) e tentava de debater-se na direcção do chinelo; porém, a corrente inferior o levava para o mar e a superior empurrava a sandália para a praia.
— Excomunicat! T’em veng pe’ cà! Vitre d’olives! Vitre d’olives!
Depois de quase cinco minutos de furibunda luta com o mar, dezenas de imprecações com a sandália, raladuras de todas as qualidades, uma família amedrontada e atônita à beira-mar pela iracúndia real e a Condessa quase engasgada de tanto rir, finalmente o Príncipe reaviu sua sandália.
Saldo: um polegar ralado pelas cracas; igualmente ralado a lateral do calcanhar direito. Fora as mutilações nas mãos por abrir ostras e pelo mau manejo de um alicate, o que fica para próximos relatos.
E referendado pela Condessa, as cracas devem ser comunistas.
Nota: S. A. R. fez todas essas peripécias, gestas e feitos com seus óculos acavalados sobre o nariz, como de costume.
8 Comentários:
fergio, definitivamente teu blogue não é compatível ao meu programinha de reunir informações... -você está fora! e vá chorar no banheiro.
hummmmmmm quem é a condessa...
Somente uma amiga. Te garanto eu.
hummmmmmmmmmmmmmmmmmmm...........
amiguinha... hummmmmmmmmmmmmmmmmm...
que bonitinho...
Besta!
O óculos, Alteza, é símbolo de gran dignitá. Convém mantê-lo mesmo quando na montanha-eslava.
relaxa... rsrs
agora, qto ao post, queria eu ter esse dom de subverter o real, hein...
Isso me lembra o famoso episódio com o Marchesino del Dongo esbofeteando um gendarme do Príncipe de Parma. Apenas pela nobreza d'alma.
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